segunda-feira, 26 de julho de 2010

Amor, 2

A utopia que a gente criou para viver já acabou. Não consigo mais inventar elementos para nos satisfazerem, muito menos para nos fazerem felizes. Chega de viver num lugar inexistente, de viver criando o impossível. Estou demasiada desiludida, desenganada. Mesmo que antes do tempo, basta.

12/04/10 2

Era todo dia noite. Não existia mais o Sol. Ele morreu quando nosso fogo se apagou. Nosso não, meu. Era permanentemente inverno, só nevava. A temperatura era tão baixa a ponto de não me dar vontade de sair de casa nunca mais. E assim o fiz, por mais duas estações de inverno. Em um dia qualquer, recebí uma carta com a feliz notícia de que o Sol havia voltado. Desacreditada, abrí a porta para conferir tal novidade. Não me disseram calúnias, ele realmente estava lá. Um raio de sol entrou pelo orifício me mostrando o quão empoeirada a casa estava, e o material nela me parecera antiquadom velho, precisando de uma mudança. Troquei as peças, afinal, mudar faz bem. Maravilhosamente bem, convenhamos. Antes que eu pudesse perceber, meu mundo estava de cabeça para baixo, vulgarmente dizendo. Mas era a melhor sensação possível. Não mais havia poeira nas estantes e cada pedaço do que quer que fosse que pudesse trazer à tona meu passado sombrio fôra jogado fora. O momento é de luz, claridade. É primavera-verão e vice-versa. Tempo de amor, tempo de amar, tempo no qual a escuridão não aparece sequer na lembrança mais remota.